Um igreja sem muros

Os que aceitaram a mensagem foram batizados, e naquele dia houve um acréscimo de cerca de três mil pessoas. Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações. Todos estavam cheios de temor, e muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos apóstolos. Todos os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade. Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração, louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo. E o Senhor lhes acrescentava todos os dias os que iam sendo salvos – Atos 2.41 a 47

Os que tinham sido dispersos por causa da perseguição desencadeada com a morte de Estêvão chegaram até à Fenícia, Chipre e Antioquia, anunciando a mensagem apenas aos judeus. A igreja passava por um período de paz em toda a Judéia, Galileia e Samaria. Ela se edificava e, encorajada pelo Espírito Santo, crescia em número, vivendo no temor do Senhor – Atos 9.31

Alguns deles, todavia, cipriotas e cireneus, foram a Antioquia e começaram a falar também aos gregos, contando-lhes as boas novas a respeito do Senhor Jesus. A mão do Senhor estava com eles, e muitos creram e se converteram ao Senhor. Notícias desse fato chegaram aos ouvidos da igreja em Jerusalém, e eles enviaram Barnabé a Antioquia. Este, ali chegando e vendo a graça de Deus, ficou alegre e os animou a permanecerem fiéis ao Senhor, de todo o coração – Atos 11.20 a 23

 

INTRODUÇÃO

Para que servem os muros?

Os muros têm basicamente dois propósitos:

  1. Manter em segurança os que estão dentro contra os perigos dos que estão fora
  2. Manter fora os que não devem estar dentro

Nicolau Maquiavel, em o Príncipe, recomenda:

Ao examinar as modalidades desses principados, convém fazer mais uma distinção, qual seja: se o príncipe de um Estado muito poderoso seria capaz, caso necessário, de sustentar-se por si mesmo ou se sempre precisará da proteção de outrem. Para esclarecer melhor este ponto, digo que, a meu juízo, os primeiros conseguem reger-se autonomamente porque, com abundância de armas ou de riquezas, podem reunir um bom exército e dar combate a qualquer um que venha a atacá-los. Do mesmo modo, julgo que os segundos sempre necessitarão de outrem por não poderem comparecer diante do inimigo num campo de batalha, devendo refugiar-se dentro de suas muralhas e defendê-las. Sobre o primeiro caso já discorremos e, mais adiante, acrescentaremos o que for necessário. Quanto ao segundo, nada se pode dizer senão incentivar tais príncipes a fortificar e municiar a própria cidade, sem se preocupar com o resto do território. E, quem quer que fortifique bem sua cidade e saiba governar e manejar seus súditos como já dissemos antes e diremos em seguida, será sempre atacado com grande cautela; porque os homens abominam as empresas que pareçam cheias de dificuldades, e não pode haver facilidade em atacar alguém que domine uma cidade vigorosa e não seja odiado por seu povo. As cidades da Alemanha gozam de enorme liberdade, têm pequenos territórios e só obedecem ao imperador quando lhes apraz, pois não temem nem a ele, nem a qualquer outro potentado das vizinhanças. São tão bem fortificadas que seus adversários antes ponderam quanto deve ser difícil e exaustivo expugná-las: todas dispõem de fossos e de muralhas apropriados, possuem artilharia suficiente e sempre têm em seus depósitos públicos provisões de bebida, de alimentos e de combustível para um ano; além disso, para manter a plebe nutrida sem desfalcar o erário público, a comunidade sempre tem como lhe dar trabalho, por um ano, em atividades que são o nervo e a vida da cidade, e de cujos produtos a plebe se abastece; por fim, todos têm grande apreço pelos exercícios militares e, nesse ponto, contam com muitos dispositivos para mantê-los.

Por muito tempo a Igreja de Cristo não teve muros. Os irmãos se reuniam em lugares plenamente acessíveis, lares, clubes locais e outros sem muros de contenção.

Quando surgiram os muros?

Depois do Edito de Milão (313 AD) com a “bênção de Constantino e seus filhos” a Igreja começou a se distanciar das pessoas mais simples. Construções sofisticadas, confiscadas do antigo culto pagão, foram “consagradas para o culto cristão”.

Um muro invisível se ergueu os de dentro mantiveram longe os de fora.

Concebeu-se então conceitos como sacro e profano.

A Igreja se distanciou das pessoas.

ALGUMAS OBSERVAÇÕES:

  • Uma igreja com muros significa uma igreja que estabelece mecanismo de preservação dos que estão e distanciamento das que não estão arrebanhadas por ela.
  • Uma igreja não precisa ter muros físicos para ser uma igreja com muros.
  • Uma igreja com muros físicos pode ser uma igreja sem muros.
  • O que define uma igreja sem muros e uma igreja com muros são os líderes e membros dessa igreja.
  • Os muros nem sempre são percebidos pelos que estão dentro.
  • Os muros são perfeitamente percebidos pelos que estão fora.

 

O presbítero ao amado Gaio, a quem amo na verdade. Amado, oro para que você tenha boa saúde e tudo lhe corra bem, assim como vai bem a sua alma. Muito me alegrei ao receber a visita de alguns irmãos que falaram a respeito da sua fidelidade, de como você continua andando na verdade. Não tenho alegria maior do que ouvir que meus filhos estão andando na verdade. Amado, você é fiel no que está fazendo pelos irmãos, apesar de lhe serem desconhecidos. Eles falaram à igreja a respeito deste seu amor. Você fará bem se os encaminhar em sua viagem de modo agradável a Deus, pois foi por causa do Nome que eles saíram, sem receber ajuda alguma dos gentios. É, pois, nosso dever receber com hospitalidade a irmãos como esses, para que nos tornemos cooperadores em favor da verdade. Escrevi à igreja, mas Diótrefes, que gosta muito de ser o mais importante entre eles, não nos recebe. Portanto, se eu for, chamarei a atenção dele para o que está fazendo com suas palavras maldosas contra nós. Não satisfeito com isso, ele se recusa a receber os irmãos, impede os que desejam recebê-los e os expulsa da igreja. Amado, não imite o que é mau, mas sim o que é bom. Aquele que faz o bem é de Deus; aquele que faz o mal não viu a Deus. Quanto a Demétrio, todos dão bom testemunho dele, inclusive a própria verdade. Nós também damos, e você sabe que o nosso testemunho é verdadeiro. Tenho muito que lhe escrever, mas não desejo fazê-lo com pena e tinta. Espero vê-lo em breve, e então conversaremos face a face. A paz seja com você. Os amigos daqui lhe enviam saudações. Saúde os amigos daí, um por um.

 

Uma igreja com muros – A Igreja de Diótrefes

  1. PRESERVAÇÃO – O que é nosso deve continuar sendo nosso
  2. SEPARAÇÃO – Nós aqui e eles lá
  3. CASA DO IRMÃO MAIS VELHO – Portas fechadas

 

Uma igreja sem muros – A Igreja de Gaio

  1. ACESSIBILIDADE – É fácil chegar e ficar
  2. ACOLHIMENTO – Estamos aqui para receber você
  • CASA DO PAI – Portas abertas

 

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