Ego transformado

  • Baseado em Ego transformado de Timothy Keller
  • Falar sobre currículo e entrevista. Sobre a forma como as pessoas são avaliadas. Muitas vezes importa o que você faz.
  • Texto Principal: 1 Coríntios 3:21 – 4:7

3.21 Portanto, ninguém se glorie em homens; porque todas as coisas são de vocês, 3.22 seja Paulo, seja Apolo, seja Pedro, seja o mundo, a vida, a morte, o presente ou o futuro; tudo é de vocês, 3.23 e vocês são de Cristo, e Cristo, de Deus.

4.1 Portanto, que todos nos considerem como servos de Cristo e encarregados dos mistérios de Deus. 4.2 O que se requer destes encarregados é que sejam fiéis. 4.3 Pouco me importa ser julgado por vocês ou por qualquer tribunal humano; de fato, nem eu julgo a mim mesmo. 4 Embora em nada minha consciência me acuse, nem por isso justifico a mim mesmo; o Senhor é quem me julga. 4.5 Portanto, não julguem nada antes da hora devida; esperem até que o Senhor venha. Ele trará à luz o que está oculto nas trevas e manifestará as intenções dos corações. Nessa ocasião, cada um receberá de Deus a sua aprovação.

4.6 Irmãos, apliquei essas coisas a mim e a Apolo por amor a vocês, para que aprendam de nós o que significa: “Não ultrapassem o que está escrito”. Assim, ninguém se orgulhe a favor de um homem em detrimento de outro. 4.7 Pois, quem torna você diferente de qualquer outra pessoa? O que você tem que não tenha recebido? E se o recebeu, por que se orgulha, como se assim não fosse?

Introdução:

A igreja de Corinto

  • Cidade de comércio e navegação;
  • Templo de Afrodite – prostituição sacra.
  • Paulo fundou a igreja (Atos 18.1-11)
  • Depois que Paulo saiu, Apolo chegou a essa igreja e teve atuação importante.
  • A igreja vivia um ambiente de muitas divisões. Alguns que eram ligado ao início de igreja com Paulo tinham diferenças com aqueles que chegaram na época de Apolo. Outros, possivelmente vindos do oriente, tinham influência de Pedro (Cefas). Além disto, outros problemas existiam na igreja.

Nesse texto, Paulo apresenta uma síntese do real problema dessa igreja.

  • Paulo coloca que a causa dessas facções são o orgulho e a vanglória. (1 Co 3.21; 4.6-7).
  • O orgulho, de fato, é um grande problema na sociedade.
  • Durante muito tempo, acreditou-se que uma autoestima elevada era a causa dos problemas da sociedade.
  • Hoje, a ideia está invertida, visto que se entende que pessoas agem mal devido à uma baixa autoestima. Porém, isto é muito questionado.
  • A verdade é que esse pensamento moderno tira o problema da pessoa e coloca no meio opressor. Portanto, ajudar essa pessoa a resolver as questões do meio que a atrapalham, vai fazê-la melhor. Isto não condiz com o que Paulo diz nesse texto. Mas não somente nesse texto, mas toda a Palavra de Deus aponta para outro problema. O grande problema é intrínseco ao ser humano. E Paulo enfatiza o orgulho, o ego, como a grande causa dos problemas do homem.

Nesse texto, Paulo destaca três pontos, que vamos esmiuçar adiante:

  • A condição natural do ego humano;
  • A visão transformada do eu;
  • E como alcança a visão transformada do eu.

A condição do ego humano

Em 1 Co 4.6 Paulo exorta os cristãos de Corinto a não se orgulharem de uma pessoa em detrimento da outra. Mas aqui, não usa a palavra para orgulho comumente usada. Ele usa physioó. Essa palavra é empregada por Paulo mais cinco em Primeira Coríntios (4.18, 4.19, 5.2, 8.1 e 13.4) e mais uma em Colossenses (2.18). O significado dessa palavra tem um sentido de fole (gaita de fole), ou inflado. Podemos dizer que significa um ego inflado. É uma metáfora interessante e sugestiva. Essa imagem sugere 4 verdades:

  • O ego humano é vazio: cria uma identidade em torno de algo que não é Deus. Não é saciado. Está sempre vazio. Isto no lembra do diálogo de Jesus com a mulher samaritana, em João 4. Quando Jesus fala que ele era a água viva, está falando da cede espiritual que ela tinha. Aquela mulher tinha sua vida cheia de decepções. Sempre buscou saciar seu vazio interior, mas Jesus mostrou que só ele poderia preencher o vazio que existia em seu coração (exemplo da bexiga vazia, se enchendo – ele nunca fica cheia por completo – não importa o quanto de ar coloquemos na bexiga, ele não se satisfaz) .
  • O ego humano é dolorido: é distendido e superinflado dói. Uma caminhada não machuca os dedos do pé, a não ser que eles tenham algum problema. O ego só dói, porque tem algo de errado com ele. Está inflado. Todo o tempo o ego exige que avaliemos como somos tratados. E qualquer coisa que vá contra nós, faz doer o ego. Dizemos que nossos sentimentos são feridos, mas sentimentos não podem ser feridos. O que realmente dói é o ego (exemplo 1: bexiga bem cheia – toda esticada; exemplo 2: barriga inchada – o quanto dói).
  • O ego humano dá trabalho: faz tudo para ser notado. Duas tarefas ocupam o ego o tempo todo: comparação e vanglória. Em I Coríntios 4.6 Paulo diz “ninguém se orgulhe a favor de um homem em detrimento de outro”. Essa é a essência do ego humano normal, na tentativa de preencher seu vazio, o ego vive se comparando com as outras pessoas. Em Cristianismo Puro e Simples, S. Lewis afirma que as pessoas não se orgulham de serem inteligentes, ricas etc. Mas de serem mais inteligente, mais ricas etc. Para prepararmos um bom currículo para disputar um bom emprego, fazemos cursos e atividades que não gostamos. Assim também age o nosso ego (exemplo da bexiga, tentando manter o ego cheio)
  • O ego humano é frágil: por causa de tudo o que foi dito, o ego humano é frágil. É fácil de ser atingido, nunca é satisfeito (exemplo da bexiga – é fácil de estourar).

Visão transformada do eu

Em 1 Coríntios 4.3-4, Paulo demostra sua visão transformada do eu “Pouco me importa ser julgado por vocês ou por qualquer tribunal humano; de fato, nem eu julgo a mim mesmo. Embora em nada minha consciência me acuse, nem por isso justifico a mim mesmo; o Senhor é quem me julga.

  • Paulo está dizendo que ele não se importa com o que os coríntios pensam sobre ele. Ou melhor, sua identidade nada deve à imagem e opinião que os coríntios, e qualquer outra pessoa, fazem sobre ele. Aqui que Paulo pensa sobre si não depende do veredito de outras pessoas.
  • É bem aceitável que pessoas pensem assim. Pois, elas vão dizer que o que importa é o que elas pensam sobre si mesmas. Porém, Paulo é mais profundo ainda, ele também diz que seu veredito sobre si mesmo não importa, apesar de estar bem resolvido consigo mesmo.
  • Para Paulo, o único veredito que importava era o veredito do Senhor. A única opinião que importava é a opinião do Senhor. Nossa sociedade hoje vai por outro caminho. É normal que se pregue que as pessoas não liguem para a opinião dos outros, o que importa é a sua opinião. Mas Paulo está renunciando a sua opinião, e se agarrando em quem Deus diz que ele é. Sua identidade é pautada naquilo que Deus diz sobre ela na Palavra de Deus.
  • Tentar elevar sua autoestima a partir da opinião de outras, ou da sua opinião, é uma tremenda armadilha. Uma hora, ou outra, haverá frustação. Mas as expectativas de Deus a nosso respeito é exata.
  • Sabemos que somos pecadores (Rm 3.23) e que nada de bom que fazemos vem de nós, mas de Deus (Tg 1.17). Também sabemos que somos alvos da graça de Deus (Jo 3.16; Ef 2.8-9).
  • Podemos dizer que um ego transformado não está mais inflado, mas saciado.
  • A pessoa não se sente ferida quando afrontada e não fica mal quando criticada. Não se pauta por sua opinião, mas é satisfeita com aquilo que Deus tem feito e com as funções que exerce.
  • A pessoa não tem a necessidade de pensar em si.
  • Também pensa no bem do outro, na mesma medida que busca seu bem (amar o próximo como a ti mesmo – Mt 22.39).

Como alcançar uma visão transformada do eu

  • Como Paulo chegou a essa visão do eu?
  • Ele não se importava com o julgamento dos outros. Também não importava seu auto veredito. Em I Co 4.4 ele dizia que não se justificava. Essa é a grande questão.
  • O que buscamos é o veredito final. Todos passamos peço tribunal. O grande segredo para Paulo, era a convicção de que sua sentença já havia sido pronunciada.
  • Romanos 5.1 diz que somos justificados, por meio da fé, por isso temos paz com Deus.
  • Essa paz elimina a necessidade de ter a aprovação dos outros. Também não precisamos de nossa própria aprovação.
  • Essa justificação vem pela obra de nosso Senhor Jesus Cristo. O evangelho de Cristo diz qual é a sentença de quem crê no Senhor.

O que nos leva a perguntar: como alcançar essa visão transformada do eu?

  • Primeiro, para quem ainda não é seguro dessa sentença. Podemos ter certeza disso. Cristo já proferiu. O evangelho é pela graça de Deus e se manifesta por meio de . Basta aceitar essa verdade e andar no caminho de Jesus. Esse caminho nos ajuda a não mais inchar o nosso ego.
  • Também, devemos perguntar para quem é convicto da graça de Deus. Por que muitas vezes nosso ego é inflado? Por que não temos a paz que uma pessoa com uma visão transformada do eu tem? Como podemos parar de nos preocupar com o que pensam de nós? Por que ficamos infelizes se formos rejeitados ou desprezados?
  • Não tenho uma resposta definitiva. Muitas vezes me pego em situações deste tipo. O ponto é que nos sentimos frequentemente sugados de volta para o tribunal. Muitas vezes precisamos revivê-lo. Quando vamos à igreja, nos deparamos com o tribunal, pois nos preocupamos com que os outros pensarão a nosso respeito. Mas podemos nos concentrar o que a Palavra de Deus diz. Em Romanos 8.1, após Paulo discursar do homem que ele é que não consegue fazer o bem que está nele (Rm 7), Paulo afirma que nenhuma condenação há para quem está em Cristo Jesus. Mais adiante ele afirma que nada pode nos separar do amor de Deus. Ter essas verdades em nossa mente, é um primeiro passo para ter uma visão transformada do ego.
  • Queria terminar com um trecho de nosso texto principal. Quando Paulo comenta a disputa que havia na igreja de Corinto, onde se discutia a primazia de ser de Paulo, ser de Apolo e ser de Pedro, que era resultado de egos inflados. Ele disse que na verdade Paulo, Apolo, Pedro e tudo era da igreja (I Co 3.22), e a igreja é de Cristo (I Co 3.23). Somos de Cristo, e tudo é dado a nós por Cristo, que recebeu tudo do Pai (Mt 11.27), mas nós somos dele. Portanto, o que realmente importa, é o que ele pensa de nós.

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