Ageu e o segredo judaico de resolução de problemas

Ora, pois, assim diz o SENHOR dos Exércitos: Considerai o vosso passado. Tendes semeado muito e recolhido pouco; comeis, mas não chega para fartar-vos; bebeis, mas não dá para saciar-vos; vestis-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o para pô-lo num saquitel furado. Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Considerai o vosso passado – Ag 1.5 a 7 (ARA)

Ora, pois, assim diz o SENHOR dos Exércitos: Aplicai o vosso coração aos vossos caminhos. Semeais muito e recolheis pouco; comeis, mas não vos fartais; bebeis, mas não vos saciais; vestis-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário recebe salário num saquitel furado. Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Aplicai o vosso coração aos vossos caminhos. (ARC)

Agora, assim diz o Senhor dos Exércitos: “Vejam aonde os seus caminhos os levaram. Vocês têm plantado muito, e colhido pouco. Vocês comem, mas não se fartam. Bebem, mas não se satisfazem. Vestem-se, mas não se aquecem. Aquele que recebe salário, recebe-o para colocá-lo numa bolsa furada”. Assim diz o Senhor dos Exércitos: “Vejam aonde os seus caminhos os levaram! (NVI)

Pensem bem no que tem acontecido com vocês. Vocês semearam muitas sementes, mas colheram pouco; têm comida, mas não é suficiente para matar a fome; têm vinho, mas não dá para ficarem bêbados; têm roupas, porém elas não chegam para os proteger do frio; e o salário que o trabalhador recebe não dá para viver. Por isso o SENHOR Todo-Poderoso diz: — Pensem bem no que tem acontecido com vocês. (NTLH)

 

INTRODUÇÃO:

Ageu, o profeta idoso:

Segundo uma tradição judaica o profeta Ageu era de idade avançada quando profetizou. Ele provavelmente havia visto o primeiro templo. Ele veio com a leva de judeus que acompanharam Esdras:

E assim, no ano seguinte ao da sua volta, no segundo mês, os israelitas começaram a construir de novo o Templo de Deus, que fica em Jerusalém. Zorobabel, filho de Salatiel, e Josué, filho de Jozadaque, junto com os seus parentes, os sacerdotes e os levitas e todos os israelitas que haviam voltado para Jerusalém, pegaram firme no trabalho. Todos os levitas maiores de vinte anos foram encarregados de dirigir as obras. Josué e os seus filhos e irmãos formaram um grupo junto com Cadmiel e os seus filhos, que eram descendentes de Hodavias. Esse grupo dirigia os que trabalhavam na construção e era ajudado pelos levitas do grupo de famílias de Henadade. Quando os construtores colocaram os alicerces do Templo, os sacerdotes ficaram de pé, vestidos com roupas especiais para aquela ocasião e com trombetas nas mãos. Os levitas descendentes de Asafe carregavam pratos musicais para louvar a Deus, o SENHOR, de acordo com o que Davi, rei de Israel, havia mandado. Uns cantavam louvores e agradeciam ao SENHOR, e os outros respondiam. Eles diziam: “O SENHOR é bom, e o seu amor pelo povo de Israel dura para sempre!” E todo o povo gritava bem alto e louvava o SENHOR porque a construção do seu novo Templo já havia começado. Muitos sacerdotes, levitas e chefes de famílias eram velhos e tinham visto o primeiro Templo. Eles choravam alto ao verem que os alicerces do novo Templo haviam sido colocados. Mas os outros que estavam ali gritavam de alegria – Ed 3.8 a 12

 

  • O PROBLEMA E SUAS CAUSAS APARENTES

Os judeus exilados em Babilônia voltaram para Jerusalém em três levas. Uma sob a liderança de Zorobabel, outra sob a liderança de Esdras e uma última sob a liderança de Neemias. Ageu é um dos profetas da restauração. Zacarias é seu contemporâneo e Malaquias profetizou alguns anos depois deles. Nos dias do profeta Ageu, pelo que consta em seu pequeno livro, o povo que havia regressado do exílio enfrentava algumas dificuldades.

    • A agricultura estava em crise:

…tendes semeado muito, e recolhido pouco… esperastes o muito, mas eis que veio a ser pouco; e esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu o dissipei com um assopro…” Ag 1.6a e 9a

    • Havia racionamento:

…comeis mas não vos fartais, bebeis, mas não vos saciais; vestis-vos, mas ninguém se aquece…” – Ag 1.6b

    • A inflação consumia os poucos recursos que o povo dispunha:

…o que recebe salário, recebe-o para meter num saco furado…”  – Ag 1.6c.

    • Todas estas dificuldades eram agravadas devido a uma grande seca:

…os céus por cima de vós retém o orvalho, e a terra retém os seus frutos. E mandei vira a seca sobre a terra, e sobre as colinas, sobre o trigo e o mosto e o azeite, e sobre tudo o que a terra produz; como também sobre os homens e os animais, e sobre todo o seu trabalho – Ag 1.10 e 11

O profeta começa seu livro nos informando o momento da profecia:

No segundo ano do reinado de Dario, rei da Pérsia, no primeiro dia do sexto mês, o SENHOR Deus mandou uma mensagem por meio do profeta Ageu. Essa mensagem era para o governador de Judá, Zorobabel, filho de Salatiel, e para o Grande Sacerdote Josué, filho de Jozadaque – Ag 1.1

Este era o ano 520 a.C. Já havia se passado dezesseis anos desde que o decreto do rei Ciro, da Pérsia, havia concedido o direito dos judeus regressarem a Jerusalém para reconstruir o templo em Jerusalém. O decreto foi assinado em 536 a.C:

No primeiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, cumpriu-se o que o SENHOR Deus tinha dito pelo profeta Jeremias. O SENHOR tocou no coração de Ciro, e este ordenou que fosse comunicado em todo o seu reino, por escrito e também por meio de leitura em público, este decreto: “Eu, Ciro, rei da Pérsia, declaro o seguinte: O SENHOR, o Deus do céu, me fez governador do mundo inteiro e me encarregou de construir para ele um templo em Jerusalém, na região de Judá. Eu ordeno que todos vocês que são o seu povo vão a Jerusalém e peço que Deus esteja com vocês – 2Cr 36.22 e 23

 

  • O SEGREDO JUDAICO PARA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

Os judeus adotam um método simples para a resolução de problemas. Para eles não adianta ficar lidando a vida toda com os efeitos, ou mesmo com as causas parentes de um problema. O que precisamos fazer é ir fundo e identificar as causas subjacentes e a causa real deles.

  1. EFEITO – O APARENTE DO APARENTE
  2. CAUSA APARENTE – O APARENTE DO OCULTO
  3. CAUSA SUBJACENTE – O OCULTO DO APARENTE
  4. CAUSA REAL – O OCULTO DO OCULTO

ILUSTRAÇÃO:

Um amigo reclama de dor de cabeça – O aparente do aparente

Sua dor de cabeça é proveniente de noites mal dormidas – O aparente do oculto

As noites mal dormidas são em função da ingestão de energéticos – O oculto do aparente

O uso de energéticos é em função de pesquisas que estão atrasadas por ser procrastinador – O oculto do oculto

O vício da procrastinação é a causa real das medidas extremas que geraram o desconforto das noites mal dormidas e das constantes dores de cabeça.

 

  • A MENSAGEM DE AGEU:

A mensagem de Deus, transmitida ao povo por intermédio do profeta Ageu é um convite à ponderação. O verbo “considerar”, no sentido de refletir, ponderar, pensar detidamente, ocorre quatro vezes no livro todo – Ag 1.5 e 7 e 2.15 e 18. Falando sobre as grandes dificuldades nacionais, o profeta pretende esclarecer ao povo que a causa maior destas desgraças residia no campo espiritual.

Um leitor despercebido poderia facilmente concluir que a causa real das dificuldades, alistadas pelo profeta era a seca prolongada. A seca, a causa natural das demais dificuldades, longe de ser a causa maior, segundo o profeta, era, sim, uma das inúmeras consequências de outra causa, a saber, a apatia espiritual.

Ageu chama o povo a uma reflexão. Ele convida o povo a refletir sobre o seu passado recente. Os termos “… por isso…”, usados no início do verso 10 esclarecem que até mesmo a seca era uma forma de punição divina ao povo devida à indiferença espiritual que demonstravam. O profeta aponta para a verdadeira causa ao questionar um dizer comum entre os moradores de Jerusalém:

Assim fala o Senhor dos Exércitos: Este povo diz: Não veio ainda o tempo, o tempo de se edificar a Casa do Senhor – Ag 1.2

Deus havia movido o espírito do rei Ciro para que este libertasse o povo judeu a fim de que eles reedificassem Jerusalém, reconstruíssem seus muros e reformassem o templo. No decreto do rei Ciro estas razões estão bem explícitas.

Dezenove anos depois que o decreto foi assinado, o povo, contemporâneo de Ageu, achava que ainda não havia chegado o tempo de reconstruir a Casa do Senhor. O simples fato de estarem ali em Jerusalém era prova incontestável de que o tempo de reconstruir a Casa do Senhor era chegado.

Todavia, além de demonstrarem uma total indiferença para com a Casa do Senhor, o povo se mostrava diligente nos seus assuntos pessoais. Ageu lançou isso em rosto daquele povo:

… Acaso é tempo de habitardes nas vossas casas forradas, enquanto esta casa fica desolada?… – Ag 1.4

A indiferença e a apatia eram somente de ordem espiritual. No que dizia respeito aos interesses pessoais, o povo era diligente. Esta dicotomia existencial era a causa real das desgraças que o povo enfrentava. O verso 9 do primeiro capítulo resume a argumentação do profeta:

… por causa da minha casa que está em ruínas, enquanto correis, cada um de vós, à sua própria casa… – Ag 1.9

Neste verso se vê claramente o contraste – minha casa versus vossas casas. A Casa de Deus em ruínas, esquecida, “jogada às traças”; as casas do povo com adornos e muito conforto. Para com a Casa do Senhor o povo nutria uma imensa indiferença, todavia, para com suas próprias casas eles se mostravam extremamente caprichosos.

Deus fazia questão de que o povo restaurasse Sua casa porque o culto no Antigo Testamento era todo centrado no templo. Sem templo, sem culto. Sem culto o povo não desenvolvia a piedade devida e sem piedade o povo se entregava à violência. O culto era o remédio divino para conter a propensão natural que o povo tinha para o mal.

 

  • A SOLUÇÃO DE DEUS PARA O POVO

O povo se mostrava apático para com os deveres espirituais e Deus os exorta:

… Subi ao monte, e trazei madeira, e edificai a casa, e dela me deleitarei, e serei glorificado, diz o Senhor – Ag 1.8

O povo ouviu a exortação divina:

… no vigésimo quarto dia do mês nono, se lançaram os alicerces do templo do Senhor… – Ag 2.8

Depois disso, Deus então promete ao povo:

… desde este dia hei de vos abençoar – Ag 2.19

Ageu finaliza sua reprimenda ao povo com uma gloriosa promessa. Assim como Deus havia punido o povo com seca, racionamento e carestia por causa da indiferença espiritual, da mesma forma, o próprio Deus haveria de suspender o castigo e ordenar a bênção sobre o povo que subiu ao monte e lançou os fundamentos do templo.

É verdade que muitos de nós pensamos que nossos problemas, doenças, dificuldades financeiras e constantes oscilações de humor são apenas algumas dificuldades aparentes que se dissipam com o tempo. Todavia, muitos destes males que nos perturbam têm sua causa na indiferença espiritual que muitas vezes nos caracteriza.

Muitos cuidam dos efeitos, todavia, nunca tocam na causa. É inútil se iludir. É essencial fazermos um verdadeiro inventário espiritual e buscar nele a verdadeira causa de nossas frustrações e dificuldades.

Considerar o passado é algo muito útil se seguido por um conserto dos possíveis erros nele contidos. O mais importante é consertar o que for passível de conserto. As duas frases-chaves neste caso é:

… Considerai o vosso passado… e … Subi ao monte….

Se considerarmos com o desejo de consertar o que estiver errado, as bênçãos virão substituir as dificuldades e o nome do Senhor será glorificado.

 

  • APLICAÇÃO:

Caso 1 – Ansiedade

  1. Uma pessoa ansiosa pode ter sintomas físicos – Efeito
  2. Essa pessoa pode ter alguma deficiência decorrente de seu metabolismo – Causa aparente
  3. Pode haver também um histórico de frustrações e decepções – Causa subjacente
  4. A causa real pode ser uma dificuldade em crer nas promessas de Deus e descansar em seus paternais cuidados – Causa real

Caso 2 – Melancolia

  1. Uma pessoa pode apresentar um quadro de tristeza contínua ou intercalar por momentos de euforia – Efeito
  2. Essa pessoa pode ter deficiências de nutrientes em seu organismo – Causa aparente
  3. Pode haver complicações provenientes de traumas, rejeição, bullying, frustrações e baixa auto-estima – Causa subjacente
  4. Um conhecimento defeituoso ou inexistente a respeito de sua identidade pode ser a causa real dessa melancolia persistente – Causa real

Caso 3 – Oscilação de humor

  1. Uma pessoa pode evidenciar altos e baixos emocionais com incrível rapidez e freqüência – Efeito
  2. Causas físicas podem estar por trás dessas oscilações de humor – Causa aparente
  3. Um sentimento de insegurança e medo podem ser as causas psíquicas das oscilações de humor – Causa subjacente
  4. Imaturidade espiritual ou ausência de uma fé sólida em Deus podem ser as causas reais de todos os efeitos alistados acima – Causa real

Caso 4 – Desorientação

  1. Uma pessoa pode ser sentir desorientada quanto a diversos assuntos de vital importância – Efeito
  2. Essa desorientação pode estar acompanhada de ansiedade, melancolia e oscilações de humor – Causa aparente
  3. Decisões equivocadas e hábitos viciosos podem ser agravantes dessa situação – Causa subjacente
  4. Falta de conhecimento espiritual a respeito de nossa identidade, missão e destino é a causa real dessa desorientação e todos os efeitos colaterais envolvidos – Causa real

 

Invariavelmente efeitos físicos têm causas físicas, psíquicas e espirituais por trás.

As anomalias físicas e comportamentais, invariavelmente possuem uma causa real que não é de natureza orgânica ou psíquica, a causa real é espiritual.

Assim também, algumas circunstâncias pessoais, familiares e sociais são resultantes de um conhecimento defeituoso ou inexistente a respeito de Deus, de nós e da vontade de Deus para nós.

O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento – Os 4.6

Que Deus nos ajude. Amém

 

 

 

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