Tomando decisões segundo a vontade de Deus

Portanto, sejam cuidadosos em seu modo de vida. Não vivam como insensatos, mas como sábios.
Aproveitem ao máximo todas as oportunidades nestes dias maus.
Não ajam de forma impensada, mas procurem entender a vontade do Senhor.

Efésios 5:15-17 – NVT

 

Uma pesquisa da Oxford[i], publicada em 2011, revela que um adulto pode tomar até 35.000 decisões por dia (contra 3.000 decisões de uma criança). Esse número pode parecer absurdo, mas na verdade, tomamos mais de 200 decisões a cada dia apenas com comida! À medida que nosso nível de responsabilidade aumenta, também aumenta a miscelânea de escolhas que nós enfrentamos.

Algumas pequenas decisões, nosso cérebro toma de maneira inconsciente, para não ficar sobrecarregado. Por exemplo, a quantidade de açúcar ou adoçante que colocamos em nosso cafezinho, acenar para um conhecido no caminho do trabalho, tirar o casaco quando a temperatura subir ou mesmo abaixar o volume da música quando iniciamos uma ligação no celular.

Outras decisões, um pouco maiores, tomamos com base em nosso instinto, como a escolha da refeição ou mesmo se subiremos pela escada ou elevador.

Entretanto, há outras decisões que precisam ser tomadas baseadas em uma série de variáveis e fatores, por exemplo a compra de um imóvel, com quem casaremos e se teremos filhos ou não.

Nós crescemos em uma cultura evangélica ouvindo a frase “Deus tem um plano maravilhoso para a sua vida”. Usamos essa frase como fórmula de conforto ou consolo para quem acabou de experimentar alguma decepção em sua vida. Sim, acreditamos que Deus tem todos os nossos dias traçados (Sl 139.16) e que tem coisas boas reservadas para nós, no entanto, qual alguém sofre alguma grande decepção (término namoro, perda emprego ou filho se rebelando) não é fácil enxergar o bom plano do Senhor. A pessoa está magoada, fragilizada e suplica por provas da bondade de Deus. Ela quer acreditar na bondade de Deus, mas prefere ver pra crer. A consequência de quem quer ver pra crer é buscar o que outrora estava velado (o tal plano).

Porque vivemos por fé, e não pelo que vemos.
2 Coríntios 5:7

E aí vem a grande pergunta: Como tomar decisões segundo a vontade de Deus? Essa mensagem tem como fonte bibliográfica dois livros, de um filho e um pai: Tomando decisões segundo a vontade de Deus (Heber Campos Jr) e o Ser de Deus (Herber Carlos Campos). Também foi utilizado o Conhecimento de Deus de J. I. Packer.

Certamente você já se sentiu confuso com relação à vontade de Deus para uma área específica de sua vida. Diariamente, precisamos tomar decisões que nos fazem pensar a respeito da vontade de Deus para nós.

 

No texto base da nossa mensagem, o apóstolo Paulo exorta os Efésios para não serem insensatos, mas sábios, buscando entender a vontade do Senhor. Há uma outra versão que diz que devemos compreender qual a vontade do Senhor (verso 17). Paulo deixa muito claro que o que Deus quer de nós está explícito. Se devemos procurar compreender é porque essa vontade pode e deve ser conhecida

 Algumas características da vontade de Deus

  • A vontade de Deus é essencial nele – A vontade de Deus nunca pode ser separada dele. Deus não existe sem a sua vontade pelo fato de ele ser um ser pessoal inteligente e sábio. A existência de Deus é triúna, subsiste em três pessoas, mas não possui três vontades diferentes, porque a vontade é característica da essência ou natureza divina e não de sua subsistência pessoal.  Assim como a mente de Deus é única, sua vontade também é. Numericamente são uma e a mesma nas três pessoas do ser divino.
  • A vontade de Deus é eterna – Se Deus é um ser eterno, tudo o que se relaciona aos seus atributos também é eterno. A vontade de Deus está relacionada ao seu conhecimento. Sua vontade apenas é executada na história do mundo, mas tudo que há no mundo, que é produto da sua vontade, foi arquitetado antes do tempo existir (At 15.18)
  • A vontade de Deus é poderosa – A vontade de Deus não pode ser resistida. Ela sempre é vencedora por causa do seu poder. Há uma ilustração clara sobre isso em Atos 16:6-10. Paulo e Timóteo estavam querendo cumprir a vontade preceptiva de Jesus de pregar o evangelho a toda criatura, e decidem ir para a Ásia. No verso 6, Lucas nos informa que eles foram impedidos pelo Espírito de pregar a palavra na Ásia. Tentam um novo lugar e no verso 7 vemos o mesmo impedimento do Espírito de Jesus. Deus impediu que eles executassem os seus próprios planos porque é o seu plano divino que está em primeiro lugar. Deus queria que eles fossem para a Macedônia e assim o fizeram (verso 10).
  • A vontade de Deus é imutável – Nada da vontade de Deus é mudado: nem os seus decretos nem as suas prescrições para os homens. Deus não muda, portanto, sua vontade não pode mudar. “Deus também se comprometeu por meio de um juramento, para que os herdeiros da promessa tivessem plena convicção de que ele jamais mudaria de ideia.” – Hebreus 6:17. Céus e terras passarão, mas minhas palavras não hão de passar! O que é verdade para os homens numa época o é em qualquer outra. As verdades de Deus não envelhecem, com o tempo e nem perdem a sua aplicabilidade em qualquer época.
  • A vontade de Deus é nascida somente nele – Nada fora de Deus origina a vontade dele. Se houvesse algo maior do que ele ou anterior a ele, então se poderia pensar em algo mais excelente do que ele. Mas Deus é independente e sua vontade também. Nada do que ele deseja, planeja e decide fazer no mundo tem a sua razão no mundo ou em homens. Se Deus planejou criar o mundo foi decisão unicamente sua. Se Deus decidiu salvar os pecadores foi motivo nascido na sua bondade. Nada do que Deus fez pelo homem teve a sua razão no homem. Toda causa da sua bondade está no seu ser, nunca fora dele.
  • A vontade de Deus é livre e soberana – Tudo o que existe fora do ser divino é fruto da sua vontade. Todas as obras de Deus, e o seu relacionamento com elas, é produto da sua vontade. Todas as coisas existem por causa da vontade de Deus. A vontade livre e soberana de Deus se manifesta nas obras da sua providência, os grandes e pequenos eventos. Por exemplo, vemos a vontade soberana de Deus agindo sobre a vida de Nabucodonosor, poderoso e orgulhoso rei da Babilônia, que foi humilhado em sua dignidade, como homem e monarca, passando a se alimentar como uma fera do campo e vivendo como elas (Dn 4.31-34), após ter exercido o seu poder maligno sobre Judá. Os maiores homens do mundo são considerados pó diante da vontade soberana de Deus. Com respeito aos eventos pequenos, percebemos que até mesmo a morte de um pardal (Mt 10.29) ou a contagem dos fios de cabelo (Mt 10.30) não escapam da vontade livre e soberana de Deus.

Por isso, é importante sabemos distinguirmos o que a Bíblia fala sobre a vontade de Deus. Só existe uma vontade de Deus, mas a fim de compreendermos melhor o tema, que é complexo, costumamos distinguir esse assunto sob várias ópticas, usando termos encontrados nas Escrituras:

  1. Vontade Preceptiva

A palavra preceptiva vem de preceito, ordem, norma. A vontade preceptiva diz respeito à regra de vida para as criaturas morais. Diz a respeito às leis e os preceitos prescritos por Deus nas Escrituras, para nortear nossas vidas. Por exemplo, os dez mandamentos (Êxodo 20 e Deuteronômio 5). Há vários textos, de vários autores, que mostram essa vontade preceptiva.

Tenho prazer em fazer tua vontade, meu Deus, pois a tua lei está em meu coração”. – Salmos 40:8

Sabemos que Deus não atende pecadores, mas está pronto a ouvir aqueles que o adoram e fazem a sua vontade. – João 9:31

Sejam gratos em todas as circunstâncias, pois essa é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus. – 1 Tessalonicenses 5:18

Portanto, uma vez que Cristo sofreu fisicamente, armem-se com a mesma atitude que ele teve e estejam prontos para também sofrer. Porque, se vocês sofreram fisicamente por Cristo, deixaram o pecado para trás. Não passarão o resto da vida buscando os próprios desejos, mas fazendo a vontade de Deus. – 1 Pedro 4:1,2

 

4 pontos importantes sobre a vontade preceptiva:

  • Cumprir essa vontade não é uma questão de opção! – Por exemplo, casar-se com um descrente (1 Co 7.39) ou mudar de emprego por insubmissão ao patrão (Cl 3.22-25) estão claramente contra a vontade preceptiva do Senhor. A Palavra de Deus não fornece meras dicas ou sugestões para vida, mas regras que não podemos desprezar. Isso não significa que precisamos olhar para a vontade de Deus apenas como uma obrigação, pois cumprir essa vontade também tem que ser o nosso deleite (Rm 12.2)
  • Nem tudo o que é revelado é preceito, mas todo preceito é revelado. – Tudo o que precisamos para uma vida agradável e correto a ele já foi revelado. Essa vontade não se adivinha, mas se conhece por intermédio da Palavra e se pratica. Compreendemos que a Bíblia é suficiente e que todas as respostas encontramos nela.
  • Os preceitos do Senhor devem ser o principal alvo do nosso conhecimento (Ef. 5.17) – Devemos encher nossas mentes e corações dos mandamentos do Senhor a fim de que eles brotem em tempos de decisão. Nosso conhecimento das Escrituras entre em ação quando estamos numa encruzilhada e precisamos de um norte.
  • Essa vontade nem sempre é cumprida – Por causa da nossa desobediência e pelo pecado que ainda habita em nós, por vezes, podemos não cumprir a vontade preceptiva. O fato de Deus querer a nossa santificação não significação que ele determina e realiza a santificação em todos os homens. E aqui entra a vontade Decretiva…

 

  1. Vontade Decretiva

A vontade Decretiva se refere aos decretos pelos quais Deus realiza a sua história, o plano que ele tem traçado para este mundo. Tudo o que Deus ordenou, pré-estabeleceu para acontecer na história, faz parte da vontade Decretiva. Por exemplo, a nossa salvação é testemunhada em toda a Escritura como um plano traçado desde a eternidade e que certamente acontecerá.  Era uma vontade decretiva de Deus que seu Filho padecesse em uma cruz. Porém o fato de ser decreto, não significa que quando matam a Jesus fizeram algo em obediência a Deus. Aqueles homens que mataram a Jesus não cumpriram a vontade preceptiva de Deus (não matarás).

Também encontramos vários outros versos que revelam a vontade decretiva de Deus:

Lembrem-se do que fiz no passado, pois somente eu sou Deus; eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim. Só eu posso lhes anunciar, desde já, o que acontecerá no futuro. Todos os meus planos se cumprirão, pois faço tudo que desejo. Chamarei do leste uma ave de rapina veloz, um líder de uma terra distante, para que cumpra minhas ordens. O que eu disse, isso farei. – Isaías 46:9-11

Então os deixou pela segunda vez e orou: “Meu Pai! Se não for possível afastar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade”. – Mateus 26:42

O Deus a quem sirvo em meu espírito, anunciando as boas-novas a respeito de seu Filho, sabe como nunca deixo de me lembrar de vocês. Em minhas orações, sempre pedindo, se for da vontade de Deus, uma oportunidade de ir vê-los. – Romanos 1:9,10

Lembrem-se de que é melhor sofrer por fazer o bem, se for da vontade de Deus, do que por fazer o mal. – 1 Pedro 3:17

A distinção que acabamos de fazer entre vontade preceptiva e vontade decretiva, ajuda-nos a responder importantes perguntas a cerca do tema central da mensagem:

1 – Você sempre cumpre a vontade de Deus?  – A preceptiva não, mas a decretiva sim.

2 – Você sabe a vontade de Deus para a sua vida? Sempre? – Deveríamos conhecer toda a vontade preceptiva de Deus, mas falhamos ao não conhecer todos os seus mandamentos.

3 – Em que área você acha que os crentes tem mais dificuldade em saber a vontade de Deus? – Nas áreas em que Deus não revelou em sua Palavra.

 

É verdade que somos limitados em saber os decretos de Deus específicos para a nossa vida. Porém, a expectativa errada está em achar que Deus quer nos revelar tais detalhes! Já vimos que tudo que Deus queria que nós soubéssemos (Preceitos da vida) ele nos revelou em sua Palavra. Desejar conhecer o que está além da Bíblia é dizer que ela não é suficiente para guiar nossas vidas!

Como são grandes as riquezas, a sabedoria e o conhecimento de Deus! É impossível entendermos suas decisões e seus caminhos! “Pois quem conhece os pensamentos do Senhor? Quem sabe o suficiente para aconselhá-lo?”  –   Romanos 11:33,34

Essa vontade de Deus é insondável. Há coisas que Deus não nos permite conhecer (At 1.7; Mc 13.32). A Bíblia nos proíbe procurarmos saber o amanhã através de meios pagãos (cartomantes, adivinhos, astrologia, etc…), mas também não promete dar-nos conhecimento do mesmo através de meios “cristãos”  (sonhos, falar ao coração, etc…). Não devemos buscar o que Deus não intentou em revelar. Fazê-lo é agir como os descrentes, inquietos por conhecer o amanhã através do horóscopo.

Enquanto isso, a Bíblia continua sendo ignorada como se não fosse suficiente para revelar Deus e sua vontade. Conhecimento futuro do que nos acontecerá, caso trilhemos por esse ou aquele caminho, é nos vetado para nosso bem. Seria danoso ter essa grau de conhecimento, pois Jesus nos disse que somos programados para lidar apenas com as preocupações de cada dia (Mt 6.34)

Kevin DeYoung faz uma aplicação que demonstra como temos invertido a ordem das coisas: “Somos obcecados pelas coisas sobre as quais Deus não se manifestou e talvez nunca se manifestará. Ao mesmo tempo, gastamos pouco tempo em todas as coisas que Deus já nos revelou na Bíblia”.

A vontade revelada, por sua vez, não abrange só a lei, mas também todo o evangelho. Isto é, Deus não revela só o que ele quer de nós (preceito), mas também o que quer para nós (promessas). Precisamos das Escrituras para o nosso crescimento gradual e constante. Não há atalhos para a sabedoria. Precisamos da direção de Deus.

Nós erramos ao pensar que direção é, essencialmente, inspiração íntima do Espírito Santo, sem a participação da palavra escrita. Falamos do “sentir paz no coração” como fator decisivo para essas escolhas e esquecemo-nos que nossas vozes interiores nem sempre são expressão de uma escolha santa. Em contrapartida, temos o caminho bíblico da sabedoria. Se pedimos sabedoria ao Senhor (Tg 1.5) devemos saber por que meios essa sabedoria vem.

  • Reflexão. Vivemos em um período que temos perdido o valor da meditação bíblica. Falamos em leitura diária, mas não de meditação. Não temos por hábito trazer os princípios bíblicos para as nossas conversas regulares, porque não pensamos sobre a aplicabilidade deles em nosso dia a dia. O justo do AT, nem sempre tinha acesso constante a leitura do texto bíblico, mas era seu dever meditar na lei do Senhor, de dia e de noite (Js 1.8; Sl 1.2). Hoje temos acesso às escrituras no celular, no tablet, no rádio do carro, mas falta-nos a prática de meditar no texto sagrado. Tanto é, que o conceito de meditação para nós nos remete a prática de religiões ocidentais, ao invés de encher a mente do que é puro e amável (Fp 4.8), procura esvaziar a mente. Por conta deste contexto, parece estranho para alguns e desinteressante para outros, que um dos textos mais conhecidos na Bíblia trata do nosso “culto racional” e a renovação da nossa mente (Rm 12.1-2). Decidir, tem tudo a ver com exercícios da mente, com a ideia de ruminar em cima do texto sagrado, ponderar sobre as situações com base em princípios bíblicos.

Não caia na armadilha de achar que a direção divina virá, constumeiramente, por meios extraordinários. Após o pentecostes, a grande maioria das decisões envolviam um processo racional de pensar os fatores lógicos. Veja o que Sinclair Ferguson diz:

“Direção – saber a vontade de Deus para as nossas vidas – é muito mais uma questão de pensar do que de sentir. Não devemos ser “insensatos” (literalmente, “sem mente”, “sem razão”) exorta-nos Paulo, mas sim entender qual é a vontade de Deus (Ef 5.17). É por isso que não se trata de uma prática não espiritual, quando enfrentamos modos alternativos de procedimento, registrar os prós e contras da situação, isto é, pôr as razões, possibilidades, problemas de uma decisão em contraste com a outra. Quando começamos a avaliar estres fatores contra o pano de fundo de um conhecimento geral da vontade do Senhor nas escrituras, muitas vezes vemos nossas mentes serem levadas numa direção particular.”

Como diz Augustus Nicodemus: “Jesus morreu para tirar seu pecado e não a sua inteligência”. Use-a, então, ao tomar decisões.

Aprenda a meditar nas Escrituras. A prática desse princípio gerará sensibilidade para aplicar princípios da Escritura a uma determinada decisão.

 

  • Aconselhamento. Sabedoria não é alcançada só por nossa própria investigação da Bíblia e aplicação de seus princípios. Ela também chega a nós por intermédio da orientação vinda de outros. O livro de provérbios nos ensina que sábio é aquele que saber ouvir, que valoriza a correção e admoestação. O sábio, não só conhece as Escrituras e a boa teologia, mas também é aberto para conselhos (Dt 32.28). É imaturo e convencido o que dispensa conselhos numa hora de decisões importantes. No livro de provérbios encontramos vários conselhos para se buscar conselhos (Pv 1.5, 11.14, 12.12, 13.10, 15.22; 19.20, 20.18). Conselhos também podem demonstrar a tolice de nossa opção. Mas é claro que devemos saber a quem procurar. Ainda em provérbios lemos: “Quem anda com os sábios será sábio, mas o companheiro dos insensatos se tornará mau”(Pv 13.20). A Bíblia também descreve as histórias de Roboão, que ouviu os seus jovens e tolos amigos em lugar dos sábios anciões e também de Pilatos, quando ouviu a massa ao liberar Pilatos e condenar Jesus. Esses não foram sábios. Escolher a quem ouvir já é sinal de sabedoria. Há sempre alguém que conheça a Bíblia, a natureza humana e nossas próprias habilidades e limitações mais do que nós mesmos. Mesmo que não possamos aceitar seu conselho, algum proveito tiraremos se pesarmos com cuidado o que disserem (1 Ts 5.21)

 

  • Suspeita. Essa terceira orientação ressalta a importância de mantermos à vista o engano que procede de nosso coração pecaminoso (Jr 17.9). Se, no caminho da reflexão calculamos os efeitos externos de uma decisão, no caminho da suspeita nós olhamos para as motivações internas que nos impulsionam a escolher uma coisa e não a outra. Somos pecadores, por isso, precisamos aprender a suspeitar do nosso coração. Até os “mais crentes” possuem emoções com base egoísta, escapista e auto engrandecedora, as quais não devem ser tomadas com direção: “Não sejas sábio aos teus próprios olhos” (Pv 3.7) “Aquele que pensa estar em pé veja que não caia” (1 Co 12). Hoje, encontramos vários livros que tratam sobre o tema da idolatria do coração. A idolatria não é um problema de Israel no AT ou dos católicos romanos hoje. Idolatria é um problema sempre presente no coração do pecador (Ez 14.4-7). Ídolos do coração, não são somente as práticas sabiamente errôneas (ganância, lascívia, poder), mas coisas boas que se tornam más, pois são desejadas desordenadamente. Foi com essa sensibilidade que James Petty comentou:

“O caminho da sabedoria é um estilo de vida de arrependimento de servir a deuses funcionais, como segurança, proteção, controle de situações, prazeres, poder, tranquilidade, evitar dor e aprovação. Deus irá, sistematicamente, expor quaisquer rivais como esses em nossos corações que nos afastam de amá-lo e adorá-lo. Devemos estar preparados para isso e até buscar tal duplicidade em nossos corações”

 

  • Espera. O último caminho é, talvez, o mais incomum de se encontrar em livros sobre a vontade de Deus. Porém, é muito bíblico considerarmos a riqueza do que significa esperar no Senhor (Sl 27.14; 37.7; 40.1; 42.5; 42.11; 62.1; 62.5). O Senhor é bom para os que esperam nele (Lm 3.25-26). Quando esperamos, aprendemos a confiar no Guia. Quanto melhor o conhecemos, mais entendemos sua direção. Deus não está interessado que conheçamos a sua vontade intelectualmente.

“Ele está muito mais interessado em nossas vidas do que imaginamos. Sua vontade há de ser operada em nós, não somente revelada a nós. Seu objetivo é a nossa santificação”

Fazer-nos esperar, depender dele, é a parte da aula. Deus não tem tanta pressa quanto nós temos e não é seu costume dar mais esclarecimentos sobre o futuro do que precisamos para agir no presente ou nos guiar em mais de um passo de cada vez. Não tome uma decisão que não provenha de fé, pois isso é pecaminoso (Rm 14.23). Quando em dúvida, não faça nada, continue esperando em Deus. Quando houver necessidade de ação a luz virá.

 

Conclusão

Quando as dificuldades surgirem decorrentes de nossa decisão, não devemos ter o senso de culpa de que não conseguimos ouvir o Senhor e por isso estamos passando por aflições. Somos afligidos até quando agimos santa e sabiamente. Não deixemos que o medo de sofrer e o anseio de só acertar alimente uma ansiedade de querer descobrir o que Deus não intentou em revelar. Ore como o salmista: “Porque tu és minha rocha e a minha fortaleza; por causa do teu nome, tu me conduzirás e me guiarás” (Sl 31.1) Esse Deus grandioso que é a nossa rocha, “ele será nosso guia até a morte” (Sl 48.14)

 

 

 

[i] https://go.roberts.edu/leadingedge/the-great-choices-of-strategic-leaders – consultado em 29/09/2021

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