Abraão: Em esperança crer contra a esperança

SÉRIE: NEM SUPER, NEM HERÓIS – APENAS SEGUIDORES DE JESUS CRISTO

INTRODUÇÃO:

Que herói você era quando criança?

Por que você escolheu ser esse herói e não outro?

TEXTO:

Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem. Porque, por ela, os antigos alcançaram testemunho. Pela fé, entendemos que os mundos, pela palavra de Deus, foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente. […] Ora, sem fé é impossível agradar-lhe, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que é galardoador dos que o buscam. […] E que mais direi? Faltar-me-ia o tempo contando de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de Samuel, e dos profetas, os quais, pela fé, venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões, apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fugida os exércitos dos estranhos. As mulheres receberam, pela ressurreição, os seus mortos; uns foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição; E outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos a fio de espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (homens dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra. E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa, provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados – Hb 11.1 a 6 e 32 a 40 (Editado)

Mitos:

  1. Lista dos heróis da fé – Não existem heróis da fé. Heróis da fé é o título de um livro escrito por Orlando Boyer. Essa é a lista das testemunhas da fé – Hb 12.1.
  2. Todos tiveram fé para vencer e venceram – Não, nem todos foram honrados pela fé, muitos tiveram que honra a fé com apropria vida. Sim, há dois grupos de pessoas nesse relato.

Alguns “pela fé, venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões, apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fugida os exércitos dos estranhos. As mulheres receberam, pela ressurreição, os seus mortos”.

Porém outros “foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição; E outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos a fio de espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (homens dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra”, ainda assim “todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa…”.

 

Abraão –  EM ESPERANÇA CRER CONTRA A ESPERANÇA

Portanto, é pela fé, para que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a posteridade, não somente à que é da lei, mas também à que é da fé de Abraão, o qual é pai de todos nós (como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí.), perante aquele no qual creu, a saber, Deus, o qual vivifica os mortos e chama as coisas que não são como se já fossem. O qual, em esperança, creu contra a esperança que seria feito pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência. E não enfraqueceu na fé, nem atentou para o seu próprio corpo já amortecido (pois era já de quase cem anos), nem tampouco para o amortecimento do ventre de Sara. E não duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando glória a Deus; e estando certíssimo de que o que ele tinha prometido também era poderoso para o fazer – Rm 4.16 a 21 (ARC)

INTRODUÇÃO:

  1. A saga de Abraão, sua peregrinação, fé e legado se constituem num dos tratados mais humano dos muitos conhecidos por nós.
  2. Abraão foi humano, excessivamente humano. Nele podemos divisar dúvidas, medos, insegurança, mentiras, “jeitinho brasileiro”, enfim tudo que há de ruim e também tudo que pode haver de bom em nossa humanidade. Nele há grandeza de caráter e nalguns momentos fragilidade de caráter. Ele ora parece firme e resoluto, ora é vacilante e temeroso. Ele é humano, excessivamente humano.

 

DE UR A HEBROM

  • Sua vida tranquila em Ur – Gn 11:

Ur era a cidade mais evoluída em seus dias. Era a capital do poderoso império sumério. Abraão viveu nesta cidade antes dela ser conquistada pelos Amoritas, por volta de 2000 a.C. A cidade de Ur Ficava próxima ao rio Eufrates.

  • Seu chamado inusitado – Gn 12:

Abraão estava com 75 anos de idade, sua vida estava consolidada em Ur Quando Deus o chamou para uma jornada de fé.

Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra – Gn 12.1 a 3

  • Sua obediência pronta e constante – Gn 13 e 14:

Abraão prontamente atendeu ao chamado divino e pautou sua vida por ele:

Partiu, pois, Abrão, como lho ordenara o SENHOR, e Ló foi com ele. Tinha Abrão setenta e cinco anos quando saiu de Harã. Levou Abrão consigo a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e todos os bens que haviam adquirido, e as pessoas que lhes acresceram em Harã. Partiram para a terra de Canaã; e lá chegaram. Atravessou Abrão a terra até Siquém, até ao carvalho de Moré. Nesse tempo os cananeus habitavam essa terra. Apareceu o SENHOR a Abrão e lhe disse: Darei à tua descendência esta terra. Ali edificou Abrão um altar ao SENHOR, que lhe aparecera. Passando dali para o monte ao oriente de Betel, armou a sua tenda, ficando Betel ao ocidente e Ai ao oriente; ali edificou um altar ao SENHOR e invocou o nome do SENHOR. Depois, seguiu Abrão dali, indo sempre para o Neguebe – Gn 12.4 a 9

  • Suas dúvidas – Gn 15 e 16:

Nem só de certezas viveu o pai da fé (Gl 3.9) ele teve dúvidas.

Depois destes acontecimentos, veio a palavra do SENHOR a Abrão, numa visão, e disse: Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, e teu galardão será sobremodo grande. Respondeu Abrão: SENHOR Deus, que me haverás de dar, se continuo sem filhos e o herdeiro da minha casa é o damasceno Eliézer? Disse mais Abrão: A mim não me concedeste descendência, e um servo nascido na minha casa será o meu herdeiro – Gn 15.1 a 3

No capítulo 16 ele novamente demonstra oscilação em sua fé. Ele cede ao conselho de Sara e coabita com Hagar e dela recebe um filho. Esse incidente lhe acarretou 13 anos de silêncio divino.

  • Suas certezas:

Mas, uma vez ouvidas as promessas de Deus ele voltou a crer.

A isto respondeu logo o SENHOR, dizendo: Não será esse o teu herdeiro; mas aquele que será gerado de ti será o teu herdeiro. Então, conduziu-o até fora e disse: Olha para os céus e conta as estrelas, se é que o podes. E lhe disse: Será assim a tua posteridade. Ele creu no SENHOR, e isso lhe foi imputado para justiça – Gn 15.4 a 6

Esse episódio serviu de base para a argumentação de Paulo em Rm 4 onde Abraão é apresentado como alguém que “em esperança creu contra a esperança” – verso 18.

A esperança de se tornar herdeiro da terra de Canaã e ser pai de muitas nações. Contra a esperança porque seu corpo, bem como o corpo de sua esposa, estava enfraquecido pelos anos de árdua peregrinação.

Essa é a razão por que provém da fé, para que seja segundo a graça, a fim de que seja firme a promessa para toda a descendência, não somente ao que está no regime da lei, mas também ao que é da fé que teve Abraão (porque Abraão é pai de todos nós, como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí.), perante aquele no qual creu, o Deus que vivifica os mortos e chama à existência as coisas que não existem. Abraão, esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai de muitas nações, segundo lhe fora dito: Assim será a tua descendência. E, sem enfraquecer na fé, embora levasse em conta o seu próprio corpo amortecido, sendo já de cem anos, e a idade avançada de Sara, não duvidou, por incredulidade, da promessa de Deus; mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus, estando plenamente convicto de que ele era poderoso para cumprir o que prometera – Rm 4.16 a 21

E também:

Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por herança; e partiu sem saber aonde ia. Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa; porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador. Pela fé, também, a própria Sara recebeu poder para ser mãe, não obstante o avançado de sua idade, pois teve por fiel aquele que lhe havia feito a promessa. Por isso, também de um, aliás já amortecido, saiu uma posteridade tão numerosa como as estrelas do céu e inumerável como a areia que está na praia do mar – Hb 11.8 a 12

Ele cria que Deus era poderoso para restaurar o vigor a seus corpos “amortecidos” e conceder-lhes a graças de terem um filho em “avançada idade”. O que efetivamente aconteceu – Gn 21.

 

NO EGITO E NA FILISTIA

  • Seus medos:

Ainda no capítulo 12 o patriarca Abraão peregrinou pelo Egito e neste local ele mentiu no intuito de ser preservado da morte – Gn 12.10 a 20. Esse incidente causou um estremecimento no relacionamento de Abraão e o rei do Egito.

Noutro momento ele usou o mesmo artifício quando em peregrinação nas terras dos filisteus – Gn 20. Nesse incidente, com maior gravidade Abraão foi envergonhado e sua vida foi poupada por intervenção divina.

  • Seus recomeços:

De volta do Egito Abraão retomou sua jornada de fé:

Saiu, pois, Abrão do Egito para o Neguebe, ele e sua mulher e tudo o que tinha, e Ló com ele. Era Abrão muito rico; possuía gado, prata e ouro. Fez as suas jornadas do Neguebe até Betel, até ao lugar onde primeiro estivera a sua tenda, entre Betel e Ai, até ao lugar do altar, que outrora tinha feito; e aí Abrão invocou o nome do SENHOR – Gn 13.1 a 4

O mesmo aconteceu depois de sua malfadada jornada à terra dos filisteus.

 

DE HEBROM AO MORIÁ

  • Seus altares:

Apareceu o SENHOR a Abrão e lhe disse: Darei à tua descendência esta terra. Ali edificou Abrão um altar ao SENHOR, que lhe aparecera – Gn 12.7

Passando dali para o monte ao oriente de Betel, armou a sua tenda, ficando Betel ao ocidente e Ai ao oriente; ali edificou um altar ao SENHOR e invocou o nome do SENHOR – Gn 12.8

Saiu, pois, Abrão do Egito para o Neguebe, ele e sua mulher e tudo o que tinha, e Ló com ele. Era Abrão muito rico; possuía gado, prata e ouro. Fez as suas jornadas do Neguebe até Betel, até ao lugar onde primeiro estivera a sua tenda, entre Betel e Ai, até ao lugar do altar, que outrora tinha feito; e aí Abrão invocou o nome do SENHOR – Gn 13.1 a 4

E Abrão, mudando as suas tendas, foi habitar nos carvalhais de Manre, que estão junto a Hebrom; e levantou ali um altar ao SENHOR – Gn 13.18

  • Seu altar definitivo – Gn 22/ Hb 11

Depois dessas coisas, pôs Deus Abraão à prova e lhe disse: Abraão! Este lhe respondeu: Eis-me aqui! Acrescentou Deus: Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei. Levantou-se, pois, Abraão de madrugada e, tendo preparado o seu jumento, tomou consigo dois dos seus servos e a Isaque, seu filho; rachou lenha para o holocausto e foi para o lugar que Deus lhe havia indicado. Ao terceiro dia, erguendo Abraão os olhos, viu o lugar de longe. […]Chegaram ao lugar que Deus lhe havia designado; ali edificou Abraão um altar, sobre ele dispôs a lenha, amarrou Isaque, seu filho, e o deitou no altar, em cima da lenha; e, estendendo a mão, tomou o cutelo para imolar o filho. Mas do céu lhe bradou o Anjo do SENHOR: Abraão! Abraão! Ele respondeu: Eis-me aqui! Então, lhe disse: Não estendas a mão sobre o rapaz e nada lhe faças; pois agora sei que temes a Deus, porquanto não me negaste o filho, o teu único filho – Gn 22. 1 a 4 e 9 a 12

Abraão cria que Deus poderia ressuscitar seu filho Isaque:

Pela fé, Abraão, quando posto à prova, ofereceu Isaque; estava mesmo para sacrificar o seu unigênito aquele que acolheu alegremente as promessas, a quem se tinha dito: Em Isaque será chamada a tua descendência; porque considerou que Deus era poderoso até para ressuscitá-lo dentre os mortos, de onde também, figuradamente, o recobrou – Hb 11.17 a 19

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

  • Abraão, o amigo de Deus:

Abraão é chamado de amigo de Deus em duas ocasiões.

Porventura, ó nosso Deus, não lançaste fora os moradores desta terra de diante do teu povo de Israel e não a deste para sempre à posteridade de Abraão, teu amigo? 2Cr 20.7

Não foi por obras que Abraão, o nosso pai, foi justificado, quando ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque? Vês como a fé operava juntamente com as suas obras; com efeito, foi pelas obras que a fé se consumou, e se cumpriu a Escritura, a qual diz: Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça; e: Foi chamado amigo de Deus – Tg 2.21 a 23

  • Deus de Abraão:

Antes de Abraão Deus era conhecido pelo nome de Elohim e Yahvé. Depois de Abraão, Deus passou a ser conhecido como “o Deus de Abraão”.

E disse consigo: Ó SENHOR, Deus de meu senhor Abraão, rogo-te que me acudas hoje e uses de bondade para com o meu senhor Abraão! […] E disse: Bendito seja o SENHOR, Deus de meu senhor Abraão… – Gn 24.12 e 27

Hoje, pois, cheguei à fonte e disse comigo: ó SENHOR, Deus de meu senhor Abraão, se me levas a bom termo a jornada em que sigo […] E, prostrando-me, adorei ao SENHOR e bendisse ao SENHOR, Deus do meu senhor Abraão… – Gn 24.42 e 48

Na mesma noite, lhe apareceu o SENHOR e disse: Eu sou o Deus de Abraão, teu pai. Não temas, porque eu sou contigo; abençoar-te-ei e multiplicarei a tua descendência por amor de Abraão, meu servo – Gn 26.24

Perto dele estava o SENHOR e lhe disse: Eu sou o SENHOR, Deus de Abraão, teu pai, e Deus de Isaque – Gn 28.13a

Se não fora o Deus de meu pai, o Deus de Abraão e o Temor de Isaque, por certo me despedirias agora de mãos vazias – Gn 31.42a

E orou Jacó: Deus de meu pai Abraão e Deus de meu pai Isaque, ó SENHOR, que me disseste: Torna à tua terra e à tua parentela, e te farei bem – Gn 32.9

Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. […] Disse Deus ainda mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me enviou a vós outros; este é o meu nome eternamente, e assim serei lembrado de geração em geração.Vai, ajunta os anciãos de Israel e dize-lhes: O SENHOR, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me apareceu, dizendo: Em verdade vos tenho visitado e visto o que vos tem sido feito no Egito – Gn 3.6,15 e 16

  • Sentado à mesa de Deus:

Digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus – Mt 8.11

  • Abençoador de nações:

Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados todos os povos. De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão – Gl 3.8 e 9

  • Discípulo de Jesus:

Abraão, vosso pai, alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se – Jo 8.56

Como Abraão pode ser discípulo de Jesus?

Ser discípulo significa imitar alguém, seguir seus passos, fazer o que o Mestre faz. Abraão imitou Jesus ao crer em Deus, ao depender totalmente de Deus em todos os aspectos de sua vida e ser capaz de abrir mão de tudo o que Deus lhe havia dado por amor ao próprio Deus, o Doador de tudo.

Abraão não era super.

Abraão não era um herói.

Abraão era apenas um discípulo de Jesus.

 

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