Quebrando paradigmas como o exemplo de uma mãe: Ana

Não sei se você me conhece. Meu nome é Aline, sou esposa do pastor Erlon e poderia dizer várias coisas sobre mim, falar do meu currículo ou dos meus gostos e preferências, mas neste dia especial o que importa é falar que sou mãe de três meninos, o Pablo que tem 12 anos, o Enzo que tem 8 anos e o Calebe, famoso por aqui, que tem 6 anos.

Quando recebi este convite, para compartilhar algo nesta manhã, fiquei um pouco receosa, pois este é um tema sensível para mim. Li bastante, pensei em várias personagens, mães da Bíblia, através das quais poderíamos tirar ensinamentos preciosos para nossas vidas, mas não pude fugir de compartilhar algo muito pessoal.

A minha relação com a maternidade teve seus altos e baixos.

Eu sempre quis ser mãe, mas não era uma coisa em que eu pensasse o tempo todo. Era só mais uma coisa que eu ia fazer no pacote do futuro, junto com casar, ter uma profissão, ter a minha casa, sonhos bem comuns na verdade.

Quando eu estava com 25 anos, já casada, começamos a tentar engravidar. Nessa época comecei a desejar muito isso e em determinado momento isso passou a ser o centro da minha vida. Eu só conseguia pensar em gestar um bebê. Já imaginava como ele seria, já tinha escolhido um nome para ele. Só que os anos foram passando e isso não aconteceu.

Foi um período muito difícil em nossa vida. O Erlon e eu ficamos arrasados. Eu realmente acreditava que quando me tornasse mãe, aí sim eu seria realmente feliz. É engraçado porque antes, quando mais jovem, não ser mãe nunca foi um problema, eu era feliz com as conquistas que já tinha realizado. Mas a partir do momento em que eu desejei isso de todo o meu coração e esse desejo não se realizou, meu mundo foi destruído e eu já não via mais sentido em viver essa vida sem engravidar.

Durante este período Deus falou comigo de muitas formas. Meu esposo sempre esteve ao meu lado, minha família, amigas-irmãs estiveram ao meu lado me amparando e orando por nós.

Em vários momentos Deus colocava a história de Ana no meu dia-a-dia. Eu só pensava: Poxa Deus, que clichê. Por isso hoje eu escolhi compartilhar esse clichê com vocês.

Vamos dar uma olhada na história desta mãe?

Abra a sua Bíblia em 1 Samuel 1:1-8

Elcana era temente a Deus e ano após ano subia até a cidade de Siló, onde Eli era sacerdote, para adorar a Deus. Ele tinha duas esposas, Penina e Ana. A Bíblia então descreve que o ambiente da casa de Elcana era hostil, de rivalidade, pois Penina deu filhos a Elcana e Ana não podia engravidar. Bem feito para Elcana, escolheu ter duas esposas, é isso que dá!

A questão que eu quero destacar aqui é a parte que fala que, a partir do versículo 4, Elcana dava porções do sacrifício a seus familiares, mas a Ana ele dava uma porção especial, dupla, pois a amava. Ana estava tão amargurada que o amor de Elcana não lhe era suficiente. Ela chorava por causa das provocações de sua rival e não comia.

Você já passou por isso? Já teve um desejo, um sonho, que não se realizou? Algo que você sentisse que realmente merecia mas que foi tirado de você? Aqui estamos vendo o exemplo de uma mulher que queria engravidar, mas talvez no seu caso foi a cura de uma doença sua ou de alguém que você ama que não aconteceu, talvez foi o falecimento de alguém próximo a você que te deixou amargurado. Pode ser uma formação acadêmica da qual você abriu mão pois não tinha recursos para realizar ou aquele emprego que você tinha certeza que daria certo e não deu. Talvez um relacionamento, no qual você colocou toda a sua esperança e esforços, e no final não deu certo. Veja, estamos falando aqui de fracasso.

De acordo com o texto, Ana se sentia fracassada por não ter filhos. Ela não tinha olhos para ver a graça. Ela não tinha um coração grato a tudo aquilo que ela já tinha, nem mesmo em reconhecer o amor e cuidado de Elcana.

O fracasso só pode ser sentido quando nós empreendemos algo, quando planejamos algo que não dá certo. Uma coisa que tentamos e não conseguimos.

Assim como Ana, eu também me sentia derrotada. Naquele momento da minha vida eu não conseguia ver a graça de Deus. Eu só conseguia dizer ao Senhor que minha vida não teria sentido se eu não conseguisse engravidar. Eu estava amargurada. Sempre que refletia sobre este texto, me sentia muito mal, uma ingrata. Mas não conseguia mudar o que estava sentindo, eu me sentia realmente infeliz.

O primeiro paradigma que vamos quebrar hoje através do exemplo de Ana é que você só tem valor se produzir algo.

Ana era uma mulher temente a Deus, mas estava em grande aflição. Naquela época as mulheres tinham o seu valor pessoal associado a capacidade de procriar. A situação de Ana é essa: sem poder ter filhos, era como se ela não servisse para nada, como se não tivesse valor. Porém, entendemos no texto que Elcana a amava por quem ela era e não por aquilo que ela poderia produzir. Assim também é o amor de Deus por nós.

Vamos ler Efésios 2:8-9.

Nada que fizermos nos fará merecedores do amor de Deus. Ele oferece o seu amor por quem somos.

O segundo paradigma é que se você for um cristão, TUDO em sua vida TEM que dar certo.

A situação de Ana revela que além de não poder engravidar, ela ainda enfrentava provocações e chacotas da outra esposa de Elcana. Ela compartilha que por causa desta situação ela se sentia humilhada. Muitas vezes nos relacionamos com Deus colocando em Jesus uma expectativa de que Ele é obrigado a realizar todos os nossos sonhos. Mas na verdade, a Bíblia nos revela vários exemplos de dor e sofrimento pelos quais pessoas tementes a Deus, que amaram ao Senhor, passaram.

O convite de Jesus em Mateus 16:24 diz que quem quiser seguí-lo deve negar a si mesmo e pegar a sua cruz. O verdadeiro cristianismo requer uma renúncia dos nossos sonhos e um entendimento de que muitas vezes as coisas não vão dar certo, ou pelo menos não vão ser como você imaginava que fossem.

Vamos voltar para a história de Ana. O texto bíblico continua no versículo 9. Vamos ler 1 Samuel 1:9-11.

Ana então em momento de grande amargura e tristeza, ora ao Senhor, derrama a sua alma e faz um voto. Ela promete o seguinte: se eu engravidar, vou dar meu filho para você, Deus.

Durante a minha jornada para ser mãe, esta parte do texto sempre me deixou irritada. Eu dizia para Deus: Senhor, se for para me dar para eu ter que devolver, nem quero. Eu quero engravidar e ter filhos para EU ser feliz.

O terceiro paradigma que vamos quebrar é que a nossa felicidade depende das nossas conquistas nesta terra.

Demorou muito até que eu aprendesse algo que Ana já tinha entendido quando fez esse voto.

Fomos criados para viver por Ele e para Ele. Nada que está fora do propósito de honrar e agradar a Deus tem o poder de nos trazer felicidade. Jesus explica sobre a alegria verdadeira como vemos em João 15:9-11. A alegria completa está em duas coisas: permanecer no amor de Cristo e obedecer aos mandamentos de Deus.

Vamos agora para verso 17, 1 Samuel 1:17-18.

Ana orou ao Senhor, compartilhou sua dor com Eli e seguiu o seu caminho. O versículo 18 diz que ela seguiu o seu caminho, comeu, e seu rosto já não estava mais abatido.

Veja, naquele momento Ana ainda não sabe se Deus vai atender ao seu pedido. Porém, seu semblante mudou. O que isso significa para nós? Quando Ana realmente derrama sua alma diante de Deus e entrega para Ele a questão de sua gravidez, a tristeza e a amargura vão embora. O problema foi resolvido ali? Não. Mas Deus honrou a confiança de Ana e acalmou o seu coração. Enfim, ela experimentou da alegria completa que encontramos no amor de Deus por nós.

Quando passamos por situações de extrema tristeza, em que nos sentimos injustiçados, amargurados, a resposta está na comunhão que podemos ter com Deus. E quando aproveitamos essa oportunidade e derramamos a nossa alma diante dele, o Espírito Santo transforma a nossa dor em esperança.

O quarto paradigma que vamos quebrar é que você precisa enfrentar sua dores sozinho.

Vemos que Ana abriu o seu coração para Deus, derramando-se diante dele.

Além disso, ela compartilhou sua aflição com Eli. Outro ponto que podemos entender aqui, interpretando o texto, é que ao compartilhar a sua dor com Eli, Ana se sentiu acolhida. Como é importante que tenhamos essa liberdade entre nós, de confessarmos os nossos pecados, nossas aflições e podermos contar com a oração e apoio uns dos outros.

Isso está em 2 Coríntios 1:3-4.

Nós sabemos que Deus ouviu a oração de Ana e lhe deu Samuel. Ela cumpriu o seu voto, devolvendo Samuel ao Senhor. Ele foi um personagem muito importante na história. Porém, na minha vida, isso não aconteceu. Eu não engravidei. E com essa experiência aprendi que nem sempre sabemos sonhar.

O tempo foi passando, Deus foi trabalhando em minha vida e eu já não ansiava pela gravidez. Entendi que queria ser mãe. Foi neste momento que Deus nos direcionou para adoção, e em 2019 nossos filhos chegaram. Foi uma grande alegria. E somente depois da chegada deles, quando nasceu em mim uma mãe, foi que eu realmente compreendi o exemplo de Ana.

Ana entendeu que não há lugar melhor do que estar com o Senhor. Quando eu me tornei mãe, o texto de Ana fez todo sentido para mim. Filhos não são uma realização pessoal, uma conquista, nem são para a nossa felicidade. Assim como todos os nossos outros sonhos. Tudo que somos, tudo o que temos e tudo o que fazemos deve ser para a honra e glória de Deus.

Jesus nos convida hoje a acreditar que somos valor para Deus independente daquilo que fazemos.

Jesus nos convida hoje a entender que o verdadeiro cristão sabe que nem sempre estará tudo bem.

Jesus nos convida hoje a desvincularmos a nossa alegria completa das coisas deste mundo.

Jesus nos convida hoje a derramar a nossa alma diante de Deus.

Jesus nos convida hoje a consolarmos uns aos outros.

 

Que através do exemplo de Ana, você saia daqui hoje, com o semblante transformado.

Que Deus nos abençoe!

Feliz Dia das Mães!

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