Diálogos com Jesus – caminho, verdade e vida

Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver. Vocês conhecem o caminho para onde vou. Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; como então podemos saber o caminho? Respondeu Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim. Se vocês realmente me conhecessem, conheceriam também o meu Pai. Já agora vocês o conhecem e o têm visto. Disse Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta. Jesus respondeu: Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai. Como você pode dizer: Mostra-nos o Pai? Você não crê que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu lhes digo não são apenas minhas. Pelo contrário, o Pai, que vive em mim, está realizando a sua obra. Creiam em mim quando digo que estou no Pai e que o Pai está em mim; ou pelo menos creiam por causa das mesmas obras. Digo-lhes a verdade: Aquele que crê em mim fará também as obras que tenho realizado. Fará coisas ainda maiores do que estas, porque eu estou indo para o Pai – Jo 14.1-12 (NVI)

 

INTRODUÇÃO

Jesus havia celebrado a ceia com os discípulos e caminhava com eles para o Getsêmani – E, tendo cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras – Mt 26.30.

Jesus, nessa ocasião profere o seu famoso discurso de despedida. Jesus fala de sua iminente partida para o Pai.

Um pouco antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que havia chegado o tempo em que deixaria este mundo e iria para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim – Jo 13.1 (NVI)

 

Jesus estava ciente da necessidade de ser entregue nas mãos dos pecadores. O assunto de sua partida não era um assunto novo. Porém, ainda era um tanto obscuro.

Desde esse tempo, começou Jesus Cristo a mostrar a seus discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitado no terceiro dia – Mt 16.21

 

Eles saíram daquele lugar e atravessaram a Galileia. Jesus não queria que ninguém soubesse onde eles estavam, porque estava ensinando os seus discípulos. E lhes dizia: O Filho do homem está para ser entregue nas mãos dos homens. Eles o matarão, e três dias depois ele ressuscitará. Mas eles não entendiam o que ele queria dizer e tinham receio de perguntar-lhe – Mc 9.30 a 32 (NVI) e ainda Mt 17.22-23, 20.17-19, 20.28, 26.2; Mc 8.31, Mc 9.31-32, Lc 9.22, 9.31, 9.44-45 e 18.31-34

 

Para onde Jesus iria?

Perguntou-lhe Simão Pedro: Senhor, para onde vais? Respondeu Jesus: Para onde vou, não me podes seguir agora; mais tarde, porém, me seguirás – Jo 13.36 (ARA)

 

Os discípulos pareciam estar sem uma direção clara quanto ao assunto. Por essa razão Jesus esclarece a eles dizendo que iria para a casa do Pai.

  1. A CASA DO PAI

Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver. Vocês conhecem o caminho para onde vou – Jo 14.1 a 4 (NVI)

 

Jesus introduz seu discurso de despedida dizendo aos discípulos para que eles parassem de ficar perturbados. Eles haviam andado com Jesus por 3 anos e tinham visto muitas coisas. Eles presenciaram milagres, ouviram ensinamentos que jamais tinham ouvido. Eles haviam criado um vínculo profundo com Jesus Cristo. Mas não estavam prontos para o que viria em seguida. Eles estavam despreparados para encara a iminente partida trágica de Jesus. Era normal que estivessem perturbados com as últimas falas de Jesus a respeito de ser entregue nas mãos dos pecadores, ser ultrajado e morto.

Para confortá-los Jesus fala da casa do Pai.

O que Jesus queria dizer com a expressão “casa do Pai”?

John Gill esclarece:

Na casa de meu Pai – Isso ele diz para desviar suas mentes de um reino terreno para um reino celestial; apontar-lhes o lugar para onde ele estava indo e apoiá-los com as visões e esperanças de glória sob todos os seus problemas. Por sua “casa do pai” entende-se o céu – 2 Coríntios 5.1; que é do prédio de seu Pai, onde tem e terá toda a sua família. Isso Cristo diz em parte para reconciliar as mentes de seus discípulos com sua partida deles e, em parte, para fortalecer a esperança de segui-lo até lá; uma vez que era de seu Pai, e a casa de seu Pai para onde ele estava indo, e na qual “há muitas mansões”; lugares de permanência ou habitação; mansões de amor, paz, alegria e descanso, que sempre permanecem: e há “muitas” delas, que não designam diferentes graus de glória; pois como todos os santos são amados com o mesmo amor, comprados com o mesmo preço, justificados com a mesma justiça e são igualmente filhos de Deus, sua glória será a mesma. Mas denota plenitude e suficiência de espaço para todo o seu povo; para os muitos ordenados à vida eterna, por quem Cristo deu sua vida como resgate, e cujo sangue foi derramado pela remissão de seus pecados, cujos pecados ele carregou e a quem ele justificou por seu conhecimento; que o recebem pela fé, e são os muitos filhos que ele trará à glória. E isso é dito para o conforto dos discípulos, que podem ter certeza de que haveria espaço não apenas para ele e Pedro, a quem ele havia prometido que o seguiria no futuro, mas para todos eles. Muito de acordo com esse modo de falar são muitas coisas nos escritos judaicos: que haveria espaço não apenas para ele e Pedro, a quem ele havia prometido que o seguiria no futuro, mas para todos eles. […] se assim não fosse, eu vos teria dito, vou preparar-vos lugar – Isso expressa a certeza de que seu pai tinha uma casa e nela havia muitas mansões, espaço suficiente para todo o seu povo, ou ele os teria informado de outra forma, que precisa saber a verdade dessas coisas, pois ele veio de daí; e que nunca engana com vãs esperanças de glória; e tudo o que ele diz é verdade e deve ser confiado; tudo que ele aqui entrega; tanto o que ele disse antes, como também o que se segue: “Vou preparar-vos lugar”; o céu é um reino preparado pelo Pai para os seus santos, desde a fundação do mundo; e novamente, pela presença e intercessão de Cristo, que se foi antes, e é como um precursor entrou nele e tomou posse dele em nome de seu povo; e por sua própria aparição lá para eles com seu sangue, justiça e sacrifício, ele é, por assim dizer, o caminho que conduz ao Pai.

Barnes comenta:

Na casa de meu Pai – a maioria dos intérpretes entende isso do céu, como a morada ou palácio especial de Deus; mas pode incluir o universo, como a morada do Deus onipresente. Existem muitas mansões – A palavra traduzida como “mansões” significa o ato de morar em qualquer lugar (João 14.23, “nós faremos nossa morada com ele”), ou significa o lugar onde alguém mora. É retirado do verbo permanecer e significa o lugar onde alguém mora ou permanece. É aplicado pelos escritores gregos às tendas ou habitações temporárias que os soldados armam em suas marchas. Denota uma habitação de menos permanência do que a palavra casa. É comumente entendido como afirmando que no céu há amplo espaço para receber todos os que virão; para que, portanto, os discípulos pudessem ter certeza de que não seriam excluídos. Alguns entenderam isso como uma afirmação de que haverá diferentes graus nas alegrias do céu; que algumas das mansões dos santos estarão mais próximas de Deus do que outras, de acordo com 1 Coríntios 15.40-41. Mas talvez esta passagem possa ter um significado que não ocorreu aos intérpretes. Jesus estava consolando seus discípulos, que estavam aflitos com a ideia de sua separação. Para confortá-los, ele se dirige a eles nesta linguagem: “O universo é a morada de meu Pai. Tudo é a casa dele. Seja na terra ou no céu, ainda estamos em sua habitação. Nessa vasta morada de Deus existem muitas mansões. A terra é uma delas, o céu é outra. Seja aqui ou ali, ainda estamos na casa, em uma das mansões de nosso Pai, em um dos aposentos de sua vasta morada. Isso devemos sentir continuamente e nos alegrar por termos permissão para ocupar qualquer parte de sua morada. Também não difere muito se estamos nesta mansão ou em outra. Não deve ser motivo de pesar quando somos chamados a passar de uma parte desta vasta habitação de Deus para outra. Estou realmente prestes a deixá-lo, mas estou indo apenas para outra parte da vasta morada de Deus. Eu ainda estarei na mesma habitação universal com você; ainda na casa do mesmo Deus; e estou indo com um propósito importante – preparar outra morada para sua morada eterna. Se este for o significado, então há no discurso uma verdadeira consolação. Vemos que a morte de um cristão não deve ser temida, nem é um evento pelo qual devemos chorar imoderadamente. É apenas mudar de um apartamento da morada universal de Deus para outro – um onde ainda estaremos em sua casa e ainda sentiremos o mesmo interesse por tudo o que pertence ao seu reino. E especialmente a remoção do Salvador da terra foi um evento pelo qual os cristãos deveriam se regozijar, pois ele ainda está na casa de Deus e ainda está preparando mansões de descanso para Seu povo.

 

Jesus fala de ir e voltar – ir à casa do Pai, preparar um lugar para eles – e voltar para buscá-los – para que eles estejam novamente junto a ele.

Jesus afirma que eles conheciam o caminho – verso 4. A isso Tomé pergunta:

Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; como então podemos saber o caminho? – Jo 14.5 (NVI)

 

  1. EU SOU O CAMINHO

A Tomé Jesus disse:

Respondeu Jesus: Eu sou o caminho (ego eimi hodos), a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim – Jo 14.6

 

As religiões mundiais falam de um caminho. O Taoísmo é a religião do caminho – Tao. O Budismo fala do caminho do meio termo. O Islamismo fala das práticas religiosas que seriam, na opinião dos estudiosos, um caminho para a salvação. O Hinduísmo, apesar de ser múltiplo em suas expressões, aponta para a adoção de práticas que conduzem seus adeptos a uma união mística com Brahman.

Jesus se apresenta a Tomé como o caminho. Jesus é o caminho que conduz ao Pai e à casa do Pai. Em que sentido Jesus é o caminho?

John Gill comenta:

Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho – Nosso Senhor aproveita a oportunidade deste discurso sobre o lugar para onde ele estava indo, e o caminho para ele, para instruir seus discípulos mais plenamente a respeito de si mesmo, dizendo: “Eu sou o caminho”; Cristo não é apenas o caminho, pois ele vai adiante de seu povo como exemplo; ou meramente como um profeta, apontando-lhes por sua doutrina o caminho da salvação; mas ele é o próprio caminho da salvação por sua obediência e sacrifício; nem há outro; ele é o caminho designado por seu Pai e que é inteiramente agradável às perfeições de Deus e adequado ao caso e à condição dos pecadores; ele é o caminho para todas as bênçãos do pacto da graça; […] e ele é o caminho para o céu.

 

Jesus Cristo é:

  1. O Guia
  2. O caminho da salvação
  3. Sua obediência e sacrifício abrem o caminho para o pleno acesso a Deus
  4. O caminho designado pelo Pai
  5. O caminho das bênçãos do pacto da graça
  6. O caminho para o céu

 

Clark concorda. Segundo ele Cristo é o Caminho:

  • Por sua doutrina, João 6:68
  • Por seu exemplo, 1 Pedro 2:21
  • Por seu sacrifício, Hebreus 9:8, Hebreus 9:9
  • Por seu Espírito, João 16:13

 

Barnes comenta:

Eu sou o caminho – Isaías 35.8. Com isso, sem dúvida, significa que eles e todos os outros deveriam ter acesso a Deus apenas obedecendo às instruções, imitando o exemplo e dependendo dos méritos do Senhor Jesus Cristo. Ele foi o líder na estrada, o guia dos errantes, o mestre dos ignorantes e o exemplo para todos.

 

Ilustração: O guia do missionário.

  • EU SOU A VERDADE

Respondeu Jesus: Eu sou o caminho, a verdade (aletheia) e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim – Jo 14.6

 

A busca humana pela verdade é uma busca:

  1. Legítima
  2. Necessária
  3. Intensa
  4. Sincera

Jesus diz que essa busca se finda quando o encontramos. A verdade, segundo o Evangelho é a identidade de Cristo.

Por isso, eu vos disse que morrereis nos vossos pecados; porque, se não crerdes que EU SOU, morrereis nos vossos pecados – Jo 8.24

 

Para Aristóteles a verdade é uma questão de identificação entre fato e fala. Se aquilo que se diz a respeito de algo corresponde aos fatos a respeito daquilo, temos aí a verdade. Se fatos não correspondem à fala temos aí a falsidade.

A verdade é o antônimo do engano. O engano é aquilo que se parece com a verdade, mas não é de fato.

Segundo Kittel o substantivo feminino grego aletheia significa:

  1. Objetivamente
  2. Aquilo que é verdade em qualquer assunto em consideração, verdadeiramente, em verdade, de acordo com a verdade
  3. de uma verdade, em realidade, de fato, certamente que é verdade em coisas relativas a Deus e aos deveres do ser humano, verdade moral e religiosa

b.1) na maior extensão a verdadeira noção de Deus que é revelada à razão humana sem sua intervenção sobrenatural

b.2) a verdade tal como ensinada na religião cristã, com respeito a Deus e a execução de seus propósitos através de Cristo, e com respeito aos deveres do homem, opondo-se igualmente às superstições dos gentios e às invenções dos judeus, e às opiniões e preceitos de falsos mestres até mesmo entre cristãos.

  1. Subjetivamente
    1. verdade como excelência pessoal
    2. sinceridade de mente, livre de paixão, pretensão, simulação, falsidade e engano

 

Segundo o Evangelho somente o conhecimento da verdade por libertar o homem do engano:

Disse Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos. E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará. Eles lhe responderam: “Somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como você pode dizer que seremos livres? Jesus respondeu: Digo-lhes a verdade: Todo aquele que vive pecando é escravo do pecado. O escravo não tem lugar permanente na família, mas o filho pertence a ela para sempre. Portanto, se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres – Jo 8.31-36 (NVI)

 

A verdade libertadora é aquela relativa à identidade de Cristo como o Filho que nos liberta. O Messias é o portador da verdade.

O Espírito do Soberano Senhor está sobre mim porque o Senhor ungiu-me para levar boas notícias aos pobres. Enviou-me para cuidar dos que estão com o coração quebrantado, anunciar liberdade aos cativos e libertação das trevas aos prisioneiros, para proclamar o ano da bondade do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; para consolar todos os que andam tristes, e dar a todos os que choram em Sião uma bela coroa em vez de cinzas, o óleo da alegria em vez de pranto, e um manto de louvor em vez de espírito deprimido. Eles serão chamados carvalhos de justiça, plantio do Senhor, para manifestação da sua glória – Is 61.1-3 (NVI)

 

Aos fariseus Jesus disse que quem é de Deus ouve e crê na verdade.

Qual a razão por que não compreendeis a minha linguagem? É porque sois incapazes de ouvir a minha palavra. Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. Mas, porque eu digo a verdade, não me credes. Quem dentre vós me convence de pecado? Se vos digo a verdade, por que razão não me credes? Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por isso, não me dais ouvidos, porque não sois de Deus – Jo 8.43 a 47

 

John Gill comenta:

Eu sou […] a verdade – ele não é apenas verdadeiro, mas a própria verdade: isso pode considerar sua pessoa e caráter; ele é o verdadeiro Deus e a vida eterna; verdadeiramente e realmente homem; como profeta, ele ensinou o caminho de Deus na verdade; como sacerdote, ele é fiel, assim como misericordioso, verdadeiro e fiel àquele que o designou; e como Rei, justos e verdadeiros são todos os seus caminhos e administrações: ele é a soma e a substância de todas as verdades do Evangelho; eles estão todos cheios dele e centralizados nele; e ele é a verdade de todos os tipos e sombras, promessas e profecias do Antigo Testamento; eles têm toda a sua realização nele; e ele é o verdadeiro caminho, em oposição a todos os falsos caminhos inventados pelo homem.

 

Barnes comenta:

Eu sou […] a verdade – A fonte da verdade, ou aquele que origina e comunica a verdade para a salvação dos homens. A verdade é uma representação das coisas como elas são. A vida, a pureza e os ensinamentos de Jesus Cristo foram a representação mais completa e perfeita das coisas do mundo eterno que foi ou pode ser apresentada ao homem. As cerimônias dos judeus eram sombras; a vida de Jesus era a verdade. As opiniões dos homens são fantasiosas, mas as doutrinas de Jesus nada mais eram do que uma representação dos fatos conforme eles existem no governo de Deus. Está implícito nisso, também, que Jesus era a fonte de toda a verdade; que por sua inspiração os profetas falaram, e que por ele toda a verdade é comunicada aos homens.

 

  1. EU SOU A VIDA

Respondeu Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida (zoē). Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim – Jo 14.6

 

Jesus se apresenta como a vida. Não a vida biológica, essa animada e animalesca, mas a verdadeira vida – a vida que vem de Deus.

Segundo Kittel o substantivo feminino grego zoē significa:

  1. Vida, o estado de alguém que está cheio de vitalidade ou é animado, toda alma viva, vida
  2. A absoluta plenitude da vida, tanto em essência como eticamente, que pertence a Deus e, por meio dele, ao “logos” hipostático e a Cristo, em quem o “logos” assumiu a natureza humana, vida real e genuína, vida ativa e vigorosa, devota a Deus, abençoada, em parte já aqui neste mundo para aqueles que colocam sua confiança em Cristo, e depois da ressurreição a ser consumada por novas bênçãos (entre elas, um corpo mais perfeito) que permanecerão para sempre.

 

John Gill comenta:

Eu sou […] a vida – Cristo é o autor e doador da vida, natural, espiritual e eterna; ou ele é o modo de vida, ou “o modo vivo”; em oposição à lei, que estava tão longe de ser o modo de vida, que era o ministério da condenação e da morte: ele sempre e sempre será o caminho; todos vivem dessa maneira, nenhum jamais morre; e é um caminho que leva à vida eterna: e para concluir todos os epítetos em uma frase, Cristo é o verdadeiro caminho para a vida eterna. Acrescenta-se a título de explicação dele, como o caminho.

 

Jesus é a vida: João 1.4; 5.26; 6.35; 14.6 e19; Salmos 36.9; Isaías 38.16; Atos 3.15; Romanos 8.2; Colossenses 3.3 e 4; 1 João 1.1 e 2; 5.11 e 12; Apocalipse 22.1 e 17.

Jesus ainda acrescentou:

Se vocês realmente me conhecessem, conheceriam também o meu Pai. Já agora vocês o conhecem e o têm visto – verso 7

 

Filipe não ficou contente com o esclarecimento de Jesus a respeito de sua partida e retorno e pediu a ele que lhe mostrasse o Pai.

Disse Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta – verso 8

  1. QUEM ME VÊ, VÊ O PAI

A Filipe Jesus respondeu:

Jesus respondeu: Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai. Como você pode dizer: Mostra-nos o Pai? Você não crê que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu lhes digo não são apenas minhas. Pelo contrário, o Pai, que vive em mim, está realizando a sua obra. Creiam em mim quando digo que estou no Pai e que o Pai está em mim; ou pelo menos creiam por causa das mesmas obras. Digo-lhes a verdade: Aquele que crê em mim fará também as obras que tenho realizado. Fará coisas ainda maiores do que estas, porque eu estou indo para o Pai – Jo 14.9-12 (NVI)

 

Jesus veio ao mundo para:

  1. Revelar Deus a nós
  2. Revelar-nos a nós

Sendo Deus encarnado ele cumpre fielmente sua dupla missão.

John Gill comenta:

Disse-lhe Jesus: Há tanto tempo que estou convosco – Conversando familiarmente convosco, instruindo-vos pelo meu ministério e realizando tantas obras milagrosas entre vós, por tanto tempo – Hebreus 5.11. […] e ainda não me conheces, Filipe? Certamente você não pode ser tão ignorante quanto isso; como você me viu com seus olhos corporais, como um homem, você deve saber que eu sou Deus pelas doutrinas que ensinei a você e pelos milagres que operei entre vocês; e […] aquele que me viu; não com os olhos do seu corpo, mas com os olhos do seu entendimento; aquele que contemplou as perfeições da Divindade em mim: viu o Pai; as perfeições que estão nele também; pois o mesmo que está em mim está nele, e o mesmo que está nele está em mim: eu sou a própria imagem dele e possuo a mesma natureza, atributos e glória que ele é; de modo que aquele que vê um, vê o outro: e como dizes, então, mostra-nos o Pai? tal pedido é desnecessário e revela grande fraqueza e ignorância.

 

Barnes comenta:

Aquele que me viu – Aquele que viu minhas obras, ouviu minhas doutrinas e entendeu meu caráter. Aquele que deu “a devida atenção” às provas que dei de que vim de Deus. Viu o Pai -A palavra “Pai” nessas passagens parece ser usada com referência à natureza divina, ou a Deus representado “como Pai”, e não particularmente à distinção na Trindade de Pai e Filho. A ideia é que Deus, como Deus, ou como Pai, se manifestou na encarnação, nas obras e nos ensinamentos de Cristo, para que se diga que aqueles que o viram e ouviram tiveram uma visão real de Deus. Quando Jesus diz: “viu o Pai”, isso não pode se referir à essência ou substância de Deus, pois Ele é invisível e, a esse respeito, nenhum homem jamais viu a Deus. Tudo o que se quer dizer quando se diz que Deus é visto é que alguma manifestação dele foi feita, ou alguma exibição como essa para que possamos aprender seu caráter, sua vontade e seus planos. Nesse caso, não pode significar que aquele que viu Jesus com os olhos corporais viu Deus no mesmo sentido; mas aquele que foi testemunha de seus milagres e de sua transfiguração – que ouviu suas doutrinas e estudou seu caráter – teve plena evidência de sua missão divina e da vontade e propósito do Pai ao enviá-lo. O conhecimento do Filho era em si, é claro, o conhecimento do Pai. Havia uma união tão íntima em sua natureza e design que aquele que entendia um também entendia o outro.

 

O que temos visto em Jesus?

  1. Graça
  2. Verdade
  3. Vida
  4. Compaixão
  5. Perdão
  6. Amor
  7. Santidade
  8. Justiça
  9. Sabedoria
  10. Salvação

 

O autor de Hebreus afirmou:

O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser, sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, ele se assentou à direita da Majestade nas alturas, tornando-se tão superior aos anjos quanto o nome que herdou é superior ao deles – Hb 1.3 e 4

 

CONCLUSÃO

Aos que precisam de orientação Jesus é o caminho.

Aos que anseiam conhecer a verdade Jesus é a verdade.

Aos que precisam de vida Jesus é a vida que buscam ansiosamente.

Aos que querem ver o Pai Jesus é “o resplendor da glória de Deus, a expressão exata de seu ser”.

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